Admitir que a divindade à qual os cristãos estão subordinados é boa, benévola, humilde, compassiva, nem sempre foi tão simples se inferida através das intercessões em fatalidades às quais sua mais próxima criação - aquela que procura demonstrar a superioridade racional subjugando os indivíduos de sua coletividade, estabelecendo padrões de conduta de fácil assimilação também aos menos favorecidos intelectualmente, e por inúmeras vezes proporcionando desditas a si mesmos; pois criaram uma espécie de vaidade que impele à frivolidade. Portanto, sua finalidade é a ostentação mediante o conformismo de sua autodestruição refratada pelos intentos fantoches - tais como a punição conferida aos judeus, que após tantos anos sofrendo as condições de um suposto deserto foram capazes de erigir um tabernáculo com colunas de bronze e capitéis de prata maciça ou mesmo um bezerro de ouro (que não é outra coisa senão o Deus Ápis) produzido por Aarão irmão de Moisés em tão somente um dia!; o monumento seria adorado aos pés das mesmas montanhas em que Deus falava a Moisés.
Pois bem, se considerarmos que Deus não reprovou a atitude deste seu discípulo mais próximo, que ao vê-los adorar aquela outra divindade ordenou que decaptassem vinte e três mil homens, tampouco o massacre de vinte e quatro mil israelitas, igualmente pela ordem mosaica para expiar o pecado cometido por um só que foi surpreendido com uma madianita. Talvez também fosse vontade divina a represália de Eliseu ao fazer aparecer ursos para devorar quarenta e dois meninos que o chamaram de careca ; logo, se estas atitudes e humores destes homens são tão arbitrárias quanto as de seu Deus, não é possível declarar com justeza que havia justiça para com os pecados, mais verossímil seria a proposição de que fossem oferendas ao Demônio, do qual a participação nem é citada. Entretanto, se nos cabe a ideia de que esta soberana entidade Deus, seja onipotente, onipresente e onisciente, por consequência é irrevogável a asserção de um destino por ele premeditado, algo que seria oposto ao pretenso livre-arbítrio e nos eximiria dos conceitos de pecado, culpa, dever, atribuindo-os juntamente de seu estado de miséria ao próprio criador.
Assim, torna-se aceitável a proposta de que Lúcifer, Adão, Cain, Judas e inúmeros outros perpetradores estavam plenamente isentos de qualquer culpa, embora cada um deles tenha sido julgado por Deus da mesma maneira que uma que criança apanha insetos com a maior inocência, corta suas patas, arranca-lhe a cabeça, talvez ainda o despedace em minúsculas partes, então ateia-lhe fogo e rompe em gargalhadas. Porém, se Deus teve afinal compaixão ou magnanimidade para com alguém, este alguém trata-se de ninguém mais que o Diabo, pois muito sangue jorrou, as mortes foram incontáveis e frequentemente as remessas ceifadas eram grandes ou requeriam um grande espetáculo.
Sem dúvida o maior deles foi o suplício do indivíduo que pronunciou-se como a divindade encarnada, o que por intervenção do Espírito Santo recrutou pregadores céticos consciencioso quanto a suas índoles e a consequência disso. Sucumbiu às torturas e foi crucificado, ao que parece sofreu como qualquer outro homem e foi exposto como miserável, escravo; ou ainda com valor similar ao dos ladrões que o cercavam punidos igualmente. Sangrou, lamentou e desesperou-se no instante derradeiro de sua morte questionando o abandono da graça de seu pai.
A hipótese de uma divindade subordinada a Cristo por não possuir a mesma substância do pai (difundida pelo padre Ário em Alexandria, considerada a maior heresia dos inícios do cristianismo), não compensaria a evidência de que novamente a vontade divina havia extinguido qualquer compaixão que o próprio messias pregava; comprazendo ao Demônio que provavelmente aplaudiu regozijando-se com tal tragédia: Deus sacrficando-se, pecando para nos livrar dos pecados, tornando as leis mosaicas uma grande piada.
Cada vez mais semelhantes a nossas sentenças e deliberações tornam-se as deste Deus e reciprocamente. Se pelo espírito a ele somos unidos, embora comportemo-nos cada qual de uma forma e frequentemente desprovidos de qualquer moralidade, em tantas ocasiões tão malévolos, negativos quanto a caracterização que qualquer pessoa pode deduzir de alguma imagem oposta à da divindade soberana, então seria preferível crer na capacidade de cada indivíduo que estando ou não suscitado a fazer o que faz pela divindade pode produzir tantas generosidades quanto dissabores que a nós são muito reais e palpáveis.
"Mas este é tão generoso, humilde, sincero e sempre tem como retribuição o desprezo, a miséria; enquanto aquele outro obtém o que deseja com trapaças, velhacarias e de alguma maneira parece ser feliz e em conformidade com seu Deus." Atribuir ao ser supremo de sua crença apenas suas virtudes pode ser tão mais proveitoso que não é inaudita a proposição de inúmeros deuses com esse propósito. Por meio deste politeísmo acreditemos pois em nossas próprias virtudes abstraindo-as daqueles ídolos, tornando-nos pois semideuses (semi pelo fato da integridade ser atribuída através de qualquer capacidade metafísica que em nós só poderia ser interpretada como fantasia).
Pois bem, se considerarmos que Deus não reprovou a atitude deste seu discípulo mais próximo, que ao vê-los adorar aquela outra divindade ordenou que decaptassem vinte e três mil homens, tampouco o massacre de vinte e quatro mil israelitas, igualmente pela ordem mosaica para expiar o pecado cometido por um só que foi surpreendido com uma madianita. Talvez também fosse vontade divina a represália de Eliseu ao fazer aparecer ursos para devorar quarenta e dois meninos que o chamaram de careca ; logo, se estas atitudes e humores destes homens são tão arbitrárias quanto as de seu Deus, não é possível declarar com justeza que havia justiça para com os pecados, mais verossímil seria a proposição de que fossem oferendas ao Demônio, do qual a participação nem é citada. Entretanto, se nos cabe a ideia de que esta soberana entidade Deus, seja onipotente, onipresente e onisciente, por consequência é irrevogável a asserção de um destino por ele premeditado, algo que seria oposto ao pretenso livre-arbítrio e nos eximiria dos conceitos de pecado, culpa, dever, atribuindo-os juntamente de seu estado de miséria ao próprio criador.
Assim, torna-se aceitável a proposta de que Lúcifer, Adão, Cain, Judas e inúmeros outros perpetradores estavam plenamente isentos de qualquer culpa, embora cada um deles tenha sido julgado por Deus da mesma maneira que uma que criança apanha insetos com a maior inocência, corta suas patas, arranca-lhe a cabeça, talvez ainda o despedace em minúsculas partes, então ateia-lhe fogo e rompe em gargalhadas. Porém, se Deus teve afinal compaixão ou magnanimidade para com alguém, este alguém trata-se de ninguém mais que o Diabo, pois muito sangue jorrou, as mortes foram incontáveis e frequentemente as remessas ceifadas eram grandes ou requeriam um grande espetáculo.
Sem dúvida o maior deles foi o suplício do indivíduo que pronunciou-se como a divindade encarnada, o que por intervenção do Espírito Santo recrutou pregadores céticos consciencioso quanto a suas índoles e a consequência disso. Sucumbiu às torturas e foi crucificado, ao que parece sofreu como qualquer outro homem e foi exposto como miserável, escravo; ou ainda com valor similar ao dos ladrões que o cercavam punidos igualmente. Sangrou, lamentou e desesperou-se no instante derradeiro de sua morte questionando o abandono da graça de seu pai.
A hipótese de uma divindade subordinada a Cristo por não possuir a mesma substância do pai (difundida pelo padre Ário em Alexandria, considerada a maior heresia dos inícios do cristianismo), não compensaria a evidência de que novamente a vontade divina havia extinguido qualquer compaixão que o próprio messias pregava; comprazendo ao Demônio que provavelmente aplaudiu regozijando-se com tal tragédia: Deus sacrficando-se, pecando para nos livrar dos pecados, tornando as leis mosaicas uma grande piada.
Cada vez mais semelhantes a nossas sentenças e deliberações tornam-se as deste Deus e reciprocamente. Se pelo espírito a ele somos unidos, embora comportemo-nos cada qual de uma forma e frequentemente desprovidos de qualquer moralidade, em tantas ocasiões tão malévolos, negativos quanto a caracterização que qualquer pessoa pode deduzir de alguma imagem oposta à da divindade soberana, então seria preferível crer na capacidade de cada indivíduo que estando ou não suscitado a fazer o que faz pela divindade pode produzir tantas generosidades quanto dissabores que a nós são muito reais e palpáveis.
"Mas este é tão generoso, humilde, sincero e sempre tem como retribuição o desprezo, a miséria; enquanto aquele outro obtém o que deseja com trapaças, velhacarias e de alguma maneira parece ser feliz e em conformidade com seu Deus." Atribuir ao ser supremo de sua crença apenas suas virtudes pode ser tão mais proveitoso que não é inaudita a proposição de inúmeros deuses com esse propósito. Por meio deste politeísmo acreditemos pois em nossas próprias virtudes abstraindo-as daqueles ídolos, tornando-nos pois semideuses (semi pelo fato da integridade ser atribuída através de qualquer capacidade metafísica que em nós só poderia ser interpretada como fantasia).
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