Vai chegando o fim do dia e mesmo sabendo que já perdi a hora, eu sigo esperando, em agonia, o momento certo de colocar isso pra fora.
Eu não sei se às vezes eu me descuido, ou se é você não ouve os meus uivos. Eu não sei se é meu peito que se agita, eu se a boca fechada, de fato, não grita. Eu não sei se você me ignorou lá fora na rua, ou se prestava mais atenção na Lua.
Eu não sei mais... Pois ainda quando eu dizia que sabia, apenas acertei o que eu previa. E, minha cara, adivinhar o óbvio tem um certo preço. Agora que sei demais, eu engasgo um certo ódio, porque eu sabia que um dia saberia mais do que devia.
Só não sei me convencer de que eu fingia: Que era você toda noite e todo dia, que me fazia um pouco mais capaz de sonhar mesmo quando não dormia. Sonhar com uma cor que nem existia; com beiras sem pontes e tardes em paz. Que estava lá quando eu acordava, até a hora em que eu dormia. A todo instante e em todos os lados. Quando eu não via e quando esquecia.
Mas quem diria, minha cara, que até você doeria?!