sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Natureza Morta

Como se de minhas mãos brotassem flores
As abelhas vinham a mim se alimentar
Bailando no ar em sintônia de amores.
E de tanto que vi, quis a mim mesmo abraçar
Sem perceber a sinfônia de horrores,
E das flores, os espinhos a me arranhar
E não abelhas, mas moscas tinham-me a sabores

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Re.Mover

Um mísero dia ausente. Não mais que todo o tempo até agora. Mas é o suficiente.
O que ela fez? O que fez com meu dia, procurando-a em acasos, em destinos sem vez?

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

De Hades Para Perséfone

Dos famintos e doces lábios
Escorre o sangue ao queixo
Da semente como um beijo
Suavemente amaldiçoada

Sem pressa nos dedos
Que escapam da boca
Sem nem notar o medo
E roubando o rubro selo

Um gesto à alma rouba...
Sê meu riso, sorrindo comigo.
Provaste seis entre mil
Das doces sementes da romã

Sê meu choro, sem teu colo.
Castiga-me, só, ao inferno.
Ao inverno que à pele corta
Dá à alma um calor incerto,
De te ter por perto...


domingo, 25 de setembro de 2011

Um Pacto E Uma Lua

Ao passo que a lua nada nua
Em um imenso mar suspenso
O coração ri ao ritmo do pêndulo
Quando num vôo eu vou a tua rua

Em um passo ultrapasso tua porta
Feito um sonho, talvez demônio
E zelo a ti, nem adormecida nem morta
E de fato ao teu lado me faço atônito

Um suspiro inspira as mariposas
Que dobram, sopram e ruflam
E desposamos onde a lua posa
Grandiosa e graciosa, noite a noite

Emana luz que a faz uma herma
E aos seus pés nós pecamos esta noite.
Por um tratado e um triz temos uma era
Se a lua comer e vomitar a si mesma, noite a noite.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A Satisfação De Um Cético

É tão tolo meu ser...
Que na própria razão
Precisa crer

E no pulso confiar
Pra não morrer...
Sufocado com o ar

Do coração, e das juras,
Que são certas demais
Até nas suas loucuras.
Eu só preciso de mais

Crer das palavras puras
Que são doces muito mais
Mais que a língua procura
Eu sempre preciso de mais...

sábado, 17 de setembro de 2011

Desilusão

O coração rasgado...
Como as cortinas desse palco
Fábula do amar, fábula do despertar

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Esthrelas Cadentes

Eu arranco com todas as forças
Os meus pés do chão
Como uma raiz colhida sem remorso
Mas a questão:

Asas não sei calçar...

E não quero entretê-las, quero tê-las,
Mas às estrelas não vou alcançar.
Nem em mil saltos...

Esperar sempre resta
Aquelas finas arestas
Caírem do alto.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Envolvimento

E a Cidade que já não tem personalidade, agora cultua o não envolvimento, o não-estilo.
O Desenvolvimento é jogar no azilo uma cultura de terceira idade.
A reprodução não é mais biológica, é o conhecimento que se propaga.
Não por uma causa mágica, nem procriação.
É apenas o aumento de um novo preço que se paga, nobre praga: O equilíbrio instável
A insustentável forma da evolução.
O instinto artificial.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Se ao menos ela fosse curiosa

Ela sorri, move... A mim, e comove aquém
Sente, mas eu não sei o que, e talvez mente.
Tem seu próprio modo, seu próprio caminho.
Habitando em cada olhar um alguém
E assimilar o que sinto, já é tempo perdido
Racional demais, eu já sou um amante ferido.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Sim, é sobre ti.

Eram pequenos dedos
Um breve toque
Aquela troca
Fraca

Eu roubei, com medo
No breve toque

Mesmo se eu pudesse
Ou dissesse
E soubesse como fazê-lo
Não o faria
Pois é a preguiça
E o medo da injustiça
Mais vazia
A injustiça de amar.

Então eu engulo
Toda palavra imposta
E apenas fagulho
O fogo do ódio

“Que bosta!”

Eu fracasso
Um fracasso que é
Apenas exagero do tentar
O falhar.

Uma pequena falha do sucesso
O não tentar.